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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sobre sonhos, desejos e fantasia

Qual seu sonho?
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E por que ainda não foi atrás?
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Isso acontece com muitas pessoas, inclusive comigo. 
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Compreendo o que você diz, mas não sei se concordo. Sonhar não é apenas fantasiar algo que se queira. Não se trata somente de fantasia, nem de desejo. 
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Tudo bem. Mas tenho que dizer uma coisa: o sonho vem de outro lugar. Diferente de onde nascem as fantasias e os desejos, os sonhos nascem antes mesmo de nosso nascimento. Você acredita que possa existir um estágio antes do próprio nascimento?
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Muito se especula sobre a morte. Mas o que me interessa é saber onde eu estava (se é que havia o "eu") antes de nascer.
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Sei que algumas religiões e outras vertentes especulam sobre isso. Mas creio que é desse lugar que venham os sonhos. Creio que os sonhos sejam projetos que elaboramos antes do nascimento e que por diversas razão ao longo da vida muitos acabam abandonando.
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Consegue perceber agora? Consegue perceber a diferença entre sonho, desejo e fantasia?
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Talvez. Mas se for assim como acredito, cada sonho que sonhamos enquanto dormimos um portal se abre para o lugar de onde viemos.
Odor e demência

Cada vez fica mais claro o quanto estamos doentes.
Doentes enquanto espécie, enquanto seres humanos que somos.
A demência nos consome cotidianamente e na maioria das vezes nem nos damos conta disso.
O que podemos fazer?
Nos rendermos a essa demência silenciosa?
O que não devemos fazer é ficar parados enquanto enlouquecemos, enquanto despejamos no mundo nossas imundícies e estupidez.
Consegue sentir o cheiro ruim que exala daquele rio perto de sua casa?
Pois bem, esse cheiro ruim não é do rio.
Esse cheiro podre que você sente é seu, meu ... nosso cheiro que vêm de nossa demência cotidiana e que despejamos no rio e o impregnamos com nossa doença.
Doença esta que aos poucos nos consome e consome também os lugares, os seres e as energias que habitam esse mundo.
Quando passar novamente perto daquele rio lembre-se: o cheiro que você sente é seu próprio cheiro e quando esse odor fétido não existir mais em nenhum lugar.
Quando nossa espécie encontrar o caminho de reconexão com esse mundo que nos abriga e todas as formas de vida talvez a demência tenha passado e então vamos conseguir sentir o real odor das coisas do mundo. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Presente

Por em mim habitam a paz, o amor e a gratidão. Busco sempre lembrar desses sentimentos em minhas trocas cotidianas de experiências com esse mundo e os seres que o habitam. Minhas práticas nem sempre se revelam as mais adequadas para cada situação que vivencio, mas a busca por ser uma boa pessoa, um ser vivente com boas energias e que contamine o mundo com amor é uma busca permanente. Por meio do cotidiano tu veras que não sou de todo mal, também não sou de todo bom ... trago minhas náuseas a tona às vezes e sei que isso não é bom. Sou o que sou e não só pelo texto, mas vendo o contexto, sentindo minha textura de pele, de perto você saberá meus vícios, meus sonhos, meus amores, minhas buscas. Saberá quem eu sou no agora e no já desse mesmo tempo, sua referência será revelada em tempo real, imortal, tempo presente a cada presente de tempo que recebemos para viver e poder olhar um no olho do outro e sermos gratos pelo sopro de cor que inflamou nossas cabeças naquele instante em que o tempo parou.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Desloco-me de mim mesmo ..

Em meio a redescobertas redescubro-me a mim mesmo por entre escombros e entulhos de minha própria existência. Descrente nas pessoas, descrente no governo, descrente de minhas próprias crenças vivo pairando sobre mim mesmo procurando me compreender assumindo o risco de me perder por entre portas e labirintos de uma tempestade que se anuncia do fundo de meu peito. Gozo a vida e cada instante de prazer que tenho de viver. Amo as pessoas sem ao menos saber se realmente o que sinto é verdadeiro e legítimo, sem saber se realmente sou eu quem sou esse que pensa e que sente. Me desloco de mim mesmo a todo tempo, mas sei que ainda estou aqui. Ainda há esperança para um mundo melhor? A podemos contar que as pessoas um dia irão redescobrir-se no outro e amar-se sem pensar no amanhã? Ainda é tempo? Tempo de quê?

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Um pouco sobre política ...

Ontem houve uma manifestação em no centro de Limeira acerca dos recentes acontecimentos políticos na cidade. Alguém durante sua fala disse estar descrente na política brasileira, outros destacaram o pequeno número de pessoas presentes na ocasião e destacaram que a crise na prefeitura de Limeira não se isola na figura do prefeito Silvio Félix. Bem, foram muitos pontos abordados e questões levantadas, as quais, não se limitam ao tempo-espaço de uma manifestação. Bem, fica cada vez mais claro que a crise na prefeitura de Limeira está inserida em um contexto maior da política nacional brasileira. Essa política partidária envolvida por uma estrutura corrompida em seus princípios por permitir a existência de coligações e alianças tão esquizofrênicas que beiram o ridículo. Existem várias formas de se fazer política e mesmo aqueles que não participam ativamente da forma dominante não significa que não fazer parte, isso porque, na sua ausência o mundo não pára e as ações do governo se materializam no espaço-tempo de cada indivíduo. Não é questão de se crer ou não na política brasileira, pois, ela existe e se somos contrário a forma como ela se faz devemos sim é pensar, propor uma nova forma de estrutura de governança. Porque o que está em questão é a estrutura montada, cheias de incoerências, brechas e esquemas já montados para os que entram e os que saem. Por exemplo, o que são os cargos de confiança? Tais cargos permitem aos partidos que se organizem e montem seus esquemas de governança com maior força política desde de cargos "menores" como no caso de prefeituras, como cargos "maiores" no caso dos ministros. Para se estabelecer uma governança com maior teor politico-administrativo livre de esquemas partidários de governança seria necessário se eliminar tais cargos. Assim como também deve ser revisto os altos salários dos políticos, os quais muitas vezes, abusivamente e absurdamente promovem aumentos para si próprios. Afinal de contas, quem vigia os vigilantes? Quem comanda aqueles que comandam? Deve ser pensado uma forma de regulamentar essa questão dos salários e seus aumentos. Outro ponto importante a ser destacado é com relação a conscientização política de cada indivíduo. Essa conscientização se dá por vários modos, mas um em especial nós não podemos esquecer e que não foi tocado durante a manifestação de ontem. Falo da educação, da crise educacional em que nosso sistema está mergulhado e que a população em geral parece não perceber ou não quer mesmo se importar com o rumo da educação brasileira. O sucateamento do sistema educacional é gritante, chegará o momento em que o Estado anunciará que não mais mais fornecer educação gratuita e que todos deverão pagar para ter seus filhos na escola. Nesse momento talvez o povo passe a olhar para essa questão com mais cuidado, com maior atenção. Mas essa falta de postura política, esse tédio político que parece prevalecer na maioria dos indivíduos para estar relacionados a essa crise na educação que está posta e também ao modelos educacional adotado que se torna cada vez mais técnico e menos reflexivo. Não que a técnico seja algo ruim, mas tanto a técnica quanto a reflexão de seu uso devem caminhar lado a lado sem um subjugar o outro. um último ponto que quero compartilhar é com relação a questão de escala de representatividade política que nós temos. O cargo político que nos é mais próximo, aquele que, em termos de escala, está mais ao nosso alcance é o cargo de vereador. Só que essa "proximidade" tem suas variações em função do tamanho e número de habitantes da cidade e muitas vezes o cidadão ainda se sente distante daqueles que o representam por não conseguir estabelecer ou sentir-se próximo dos espaços de decisão de seu município. Uma forma de aproximar os indivíduos dos espaços de decisão (e vise-e-versa) seria institucionalizar as associações de bairros, tendo seus cargos definidos pelos moradores e espaços públicos próprios para a realização de assembleias e discussões. Acredito que cada bairro ao ter um espaço (prédio) com uma organização de pessoas representativas do bairro que chamem, divulguem, discutam e promovam o debate político e que as deliberações ali tiradas tivessem seu peso político reconhecido nas câmeras dos vereadores municipais possa ser uma forma de aproximar e potencializar o fazer político de cada indivíduo trazendo os debates aos seu bairro, à sua casa.

OS DEFICIENTES CÍVICOS

"Mundo do pragmatismo triunfante pode destruir o equilíbrio educacional entre a formação para uma vida plena e a formação para o trabalho - MILTON SANTOS - especial para a Folha

Em tempos de globalização, a discussão sobre os objetivos da educação é fundamental para a definição do modelo de país em que viverão as próximas gerações.
Em cada sociedade, a educação deve ser concebida para atender, ao mesmo tempo, ao interesse social e ao interesse dos indivíduos. É da combinação desses interesses que emergem os seus princípios fundamentais e são estes que devem nortear a elaboração dos conteúdos do ensino, as práticas pedagógicas e a relação da escola com a comunidade e com o mundo.
O interesse social se inspira no papel que a educação deve jogar na manutenção da identidade nacional, na idéia de sucessão das gerações e de continuidade da nação, na vontade de progresso e na preservação da cultura. O interesse individual se revela pela parte que é devida à educação na construção da pessoa, em sua inserção afetiva e intelectual, na sua promoção pelo trabalho, levando o indivíduo a uma realização plena e a um enriquecimento permanente. Juntos, o interesse social e o interesse individual da educação devem também constituir a garantia de que a dinâmica social não será excludente.
Em todos os casos a sociedade será sempre tomada como um referente, e, como ela é sempre um processo e está sempre mudando, o contexto histórico acaba por ser determinante dos conteúdos da educação e da ênfase a atribuir aos seus diversos aspectos, mesmo se os princípios fundamentais permanecem intocados ao longo do tempo. Foi dessa forma que se deu a evolução da idéia e da prática da educação durante os últimos séculos, paralelamente à busca de formas de convivência civilizada, alicerçadas em uma solidariedade social cada vez mais sofisticada.
As modalidades sucessivas da democracia como regime político, social e econômico levaram, no após guerra, à social-democracia. A história da civilização se confundiria com a busca, sempre renovada, e o encontro das formas práticas de atingir aqueles mencionados princípios fundamentais da educação, sempre a partir de uma visão filosófica e abrangente do mundo.
Esse esforço, para o qual contribuíram filósofos, pedagogos e homens de Estado, acaba por erigir como pilares centrais do sistema educacional: o ensino universal (isto é, concebido para atingir a todas as pessoas), igualitário (como garantia de que a educação contribua a eliminar desigualdades), progressista (desencorajando preconceitos e assegurando uma visão de futuro). Daí, os postulados indispensáveis de um ensino público, gratuito e leigo (esta última palavra sendo usada como sinônimo de ausência de visões particularistas e segmentadas do mundo) e, dessa forma, uma escola apta a formar concomitantemente cidadãos integrais e indivíduos fortes. Aliás, foram essas as bases da educação republicana, na França e em outros países europeus, baseada na noção de solidariedade social exercida coletivamente como um anteparo, social e juridicamente estabelecido, às tentações da barbárie.
A globalização, como agora se manifesta em todas as partes do planeta, funda-se em novos sistemas de referência, em que noções clássicas, como a democracia, a república, a cidadania, a individualidade forte, constituem matéria predileta do marketing político, mas, graças a um jogo de espelhos, apenas comparecem como retórica, enquanto são outros os valores da nova ética, fundada num discurso enganoso, mas avassalador. Em tais circunstâncias, a idéia de emulação é compulsoriamente substituída pela prática da competitividade, o individualismo como regra de ação erige o egoísmo como comportamento quase obrigatório, e a lei do interesse sem contrapartida moral supõe como corolário a fratura social e o esquecimento da solidariedade. O mundo do pragmatismo triunfante é o mesmo mundo do "salve-se quem puder", do "vale-tudo", justificados pela busca apressada de resultados cada vez mais autocentrados, por meio de caminhos sempre mais estreitos, levando ao amesquinhamento dos objetivos, por meio da pobreza das metas e da ausência de finalidades. O projeto educacional atualmente em marcha é tributário dessas lógicas perversas. Para isso, sem dúvida, contribuem: a combinação atual entre a violência do dinheiro e a violência da informação, associadas na produção de uma visão embaralhada do mundo; a perplexidade diante do presente e do futuro; um impulso para ações imediatas que dispensam a reflexão, essa cegueira radical que reforça as tendências à aceitação de uma existência instrumentalizada.
É nesse campo de forças e a partir dessa caldo de cultura que se originam as novas propostas para a educação, as quais poderíamos resumir dizendo que resultam da ruptura do equilíbrio, antes existente, entre uma formação para a vida plena, com a busca do saber filosófico, e uma formação para o trabalho, com a busca do saber prático.
Esse equilíbrio, agora rompido, constituía a garantia da renovação das possibilidades de existência de indivíduos fortes e de cidadãos íntegros, ao mesmo tempo em que se preparavam as pessoas para o mercado. Hoje, sob o pretexto de que é preciso formar os estudantes para obter um lugar num mercado de trabalho afunilado, o saber prático tende a ocupar todo o espaço da escola, enquanto o saber filosófico é considerado como residual ou mesmo desnecessário, uma prática que, a médio prazo, ameaça a democracia, a República, a cidadania e a individualidade. Corremos o risco de ver o ensino reduzido a um simples processo de treinamento, a uma instrumentalização das pessoas, a um aprendizado que se exaure precocemente ao sabor das mudanças rápidas e brutais das formas técnicas e organizacionais do trabalho exigidas por uma implacável competitividade.
Daí, a difusão acelerada de propostas que levam a uma profissionalização precoce, à fragmentação da formação e à educação oferecida segundo diferentes níveis de qualidade, situação em que a privatização do processo educativo pode constituir um modelo ideal para assegurar a anulação das conquistas sociais dos últimos séculos. A escola deixará de ser o lugar de formação de verdadeiros cidadãos e tornar-se-á um celeiro de deficientes cívicos.
É a própria realidade da globalização _tal como praticada atualmente_ que está no centro desse debate, porque com ela se impuseram idéias sobre o que deve ser o destino dos povos, mediante definições ideológicas sobre o crescimento da economia, como a chamada competitividade entre os países. As propostas vigentes para a educação são uma consequência, justificando a decisão de adaptá-la para que se torne ainda mais instrumental à aceleração do processo globalitário. O debate deve ser retomado pela raiz, levando a educação a reassumir aqueles princípios fundamentais com que a civilização assegurou a sua evolução nos últimos séculos _os ideais de universalidade, igualdade e progresso_, de modo que ela possa contribuir para a construção de uma globalização mais humana, em vez de aceitarmos que a globalização perversa, tal como agora se verifica, comprometa o processo de formação das novas gerações."
Milton Santos é geógrafo, professor emérito da USP e autor, entre outros, de "A Natureza de Espaço" (ed. Hucitec).
Texto originalmente publicado no jornal Folha de São Paulo
Página: 5-8 1/9151
Jan 24, 1999

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O valor à vida nunca existiu em nossa espécie?

Sobre a vida muito pode ser escrito. Milhares e milhares de palavras podem ser proferidas em seu favor. Mas o que você faria para defender uma vida que sempre lhe foi indiferente? A vida de algum estranho que cruzou seu caminho num dia qualquer. Hoje, milhares de dólares estão sendo gastos para salvar a vida de mineradores presos no fundo de uma mina. Ninguém questiona o quanto deve ser gasto para tal operação, pois, é necessário salvá-los e garantir o direito deles de continuar vivendo. Mas em alguns lugares a vida humana tem seus valores bem estipulados. Em alguns lugares a vida vale o mesmo peso dela mesma. Se você tirar a vida de alguém, a sua lhe será tirada também. O valor da vida não é algo Universal, mas tem seu peso fragmentado nos espaços e tempos desse nosso mundo. Não me refiro apenas ao espaço material, mas também ao espaço de um coletivo pscicosocial que pesa em nossos julgamentos a cada gesto, a cada ação. O valor a vida é algo que só tem seu peso quando comove através de circunstâncias em que nosso interior é subjulgado e levado a refletir sobre nossa própria existência e permanência enquanto indivíduos. Não refletimos sobre o valor a vida quando nos deparamos com mendigos nos centros urbanos quase a beira da morte. Não refletimos sobre o valor da vida quando vemos um rio carregar em suas águas toda a imundície de nossos restos. Na verdade não refletimos sobre o valor da vida quase nunca até que a morte bata em nossa porta de forma trágica e sem piedades com requintes de crueldade expondo nosso ser fiosiológico do avesso em alguma manchete do jornal.